Caruru

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Caruru - Planta alimentícia

quinta-feira, 3 de janeiro de 2019

Entrevista com Rui Alcides sobre Transposição do São Francisco

"Muita besteira se fala por aí. Uns dizem que o Nordeste está cheio de água subterrânea, outros que o problema da água pode ser resolvido com a implantação de cisternas, açudes e barreiros. Será que ninguém percebe que a água que falta no semi-árido é a água para o desenvolvimento seguro de atividades econômicas."
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Rui Alcides-
2001
RUI ALCIDES DE CARVALHO JUNQUEIRA
Engenheiro Civil, especializado em hidrologia, em análise econômica, social e ambiental de projetos.
Mestre em Planejamento e Desenvolvimento de Recursos Hídricos.
Coordenador de Projetos do GEF/PNUMA/OEA/ANA,
Assessor do Presidente da CODEVASF e Coordenador do Projeto Semi-Árido.

Geofiscal: Rui, explica pra gente, em síntese, no que consiste o Projeto de Transposição das águas do Rio São Francisco?

Rui Alcides:  A CODEVASF entende que o Projeto de Transposição das águas do São Francisco é uma pequena parte do Plano de Desenvolvimento da Bacia do São Francisco e do Semi-Árido Nordestino. É preciso entender que para se reverter o quadro de miséria que perdura por muitos anos na região semi-árida do Nordeste é necessário um conjunto de ações multissetoriais coordenadas e articuladas com as instituições federais, estaduais, municipais e a iniciativa privada. Temos que pensar em modificar a cultura tecnologica das atividades econômicas lá aplicadas. Temos que implantar as infra-estruturas necessárias para que a iniciativa privada tenha interesse em produzir e conseqüentemente gerar emprego. Temos que mudar o paradigma do Semi-Árido, de região problema para região potencial. Aquilo é uma grande estufa natural que pode se tornar no grande celeiro do mundo na produção de alimentos, como frutas, peixe, na produção de bens de consumo de material natural, como o carpete de sisal, a pele de caprinos na indústria de confecções e muitas outras atividades. E para que esse sonho vire realidade é necessário que nós todos enxerguemos aquela região com outros olhos.

Geofiscal: Qual a principal dificuldade que o Plano tem enfrentado para sua  implantação?

Rui Alcides: O Plano de Desenvolvimento já foi deflagrado. Já estamos trabalhando a 8 anos. Nunca paramos. As dificuldades são inerentes da missão. Mas elas serão ultrapassadas. Como já disse, o Plano não é uma pilha de papel, é uma atitude. A CODEVASF está engajada nisto, e muitos políticos e outras instituições já estão trabalhando no Plano. Nesse trabalho, além das boas idéias, temos que ter paciência, persistência e muito trabalho. Quem determina a velocidade da implantação das ações não somos nós, mas os tomadores de decisão que conseguem perceber o caminho correto. Se tivermos um Presidente da República que reconheça o caminho certo e apóie, rápida será a implantação. Mas independente de Presidentes, o desenvolvimento ocorrerá.

Geofiscal: Quais os benefícios sócio-econômicos desse Plano?

Rui Alcides: A transposição deve ser vista como o aumento da garantia do fornecimento de água em qualidade e quantidade suficiente para manter de forma sustentável as atividades econômicas e sociais da região semi-árida assentada no cristalino. Muita besteira se fala por aí. Uns dizem que o Nordeste está cheio de água subterrânea, outros que o problema da água pode ser resolvido com a implantação de cisternas, açudes e barreiros. Será que ninguém percebe que a água que falta no semi-árido é a água para o desenvolvimento seguro de atividades econômicas. Mas que a água também não é o único problema. O Semi-árido tem cerca de 850.000 km² e em 2020 terá uma população economicamente ativa de 15 milhões de pessoas. Essas pessoas vão nascer e crescer, e terão que viver. Ou sobrevivendo como as que lá estão hoje, ou virando marginal nas grandes cidades, ou degradando o meio ambiente tentando tirar o sustento, como lenha, carvão, desmatando a caatinga para plantar milho e feijão que não vinga. Ou, se conseguirmos mudar o paradigma das autoridades, dos dirigentes, dos técnicos e dos que lá vivem, viver em prosperidade. Porque é possível. O Plano formulado pela CODEVASF não é um documento de papel, é uma atitude, um processo de articulação e implantação de ações necessárias para o desenvolvimento. E custa muito dinheiro, tanto quanto para salvar um banco. A questão é a diferença entre ser monetarista ou ser desenvolvimentista. A Argentina só tinha monetarista, e aqui no Brasil tem um ninho cheio deles. Não são mau intencionados, apenas pensam diferente. Mas essa brincadeira pode custar muito caro. O benefício que pode resultar da nossa proposta é a geração de emprego, o aumento da renda, o atendimento das necessidades básicas da população, só para começar, e depois a consolidação de pólos de desenvolvimento. 

Geofiscal: Como está a saúde do Velho Chico? Ele não estaria cansado de tanto uso, abuso e agressão sofrida? Ele resistiria à essa Mega-Transfusão?

Rui Alcides: O Velho Chico está enfermo, principalmente no Baixo São Francisco. As águas cristalinas que saem das barragens não são boas para a ictiofauna, e a foz está em processo de modificação. No Submédio está havendo a formação de um delta, resultado da grande massa de água do reservatório de Sobradinho. Mas temos que pesar os estragos e os benefícios. A geração de energia causou muito mais benefícios do que danos. Os alarmistas de plantão estão reclamando da expansão da agricultura, na destruição das matas ciliares, conseguiram até formalizar um núcleo de desertificação chamado Cabrobó. Estudos recentes de mapeamento do uso da terra demonstram que não existem áreas degradadas, as matas ciliares dos afluentes estão no lugar, o núcleo de desertificação foi um engano na interpretação das imagens de satélite, e uma confusão nos parâmetros adotados, lá está bem obrigado. Mas o que não falam é do conflito de uso da água, irrigação X geração de energia X navegação, que já é uma realidade. Não se fala no descontrole das cheias que destroem casas e benfeitorias no Alto e no Médio São Francisco. Não falam da degradação da caatinga e do cerrado causado pela ação dos desempregados, flagelados da seca, dos vaqueiros sem rebanho. Não falam do aumento da população dos pescadores X o rio. Não falam da pobreza dos Piauienses por falta de infra-estrutura e tecnologia apropriada. Mas tudo tem solução. Os pescadores podem se transformar em piscicultores, as águas cristalinas podem ser adubadas, as cheias podem ser controladas, as sedimentação no novo delta podem ser compensadas com maior volume de água regularizada, os vaqueiros podem se transformar em pecuaristas de rebanhos confinados, em fruticultores, trabalhadores da agroindústria, trabalhadores da indústria de turismo. Em fim, temos que derrotar os irresponsáveis que impedem o desenvolvimento. O São Francisco terá que ser reforçado para poder atender a demanda do semi-árido. Não podemos esquecer que o semi-árido está em Alagoas, em Sergipe, na Bahia, em Pernambuco, no Piauí(pequena parte), e no Ceará, na Paraíba e no Rio Grande do Norte(pequena parte)

Geofiscal: Há estudos sobre os impactos ambientais do Projeto de Transposição das águas do Rio São Francisco? Quais os pontos que você destacaria como relevantes?

Rui Alcides: Os estudos ambientais da Transposição estão em fase de conclusão. Impactos negativos ocorrerão, não há dúvida. Porém estamos fazendo um estudo do impacto da miséria na região. Afora o flagelo das pessoas, o meio ambiente está exposto à degradação. Hoje detectamos algumas áreas(menores de 10 km²) degradadas. Elas podem aumentar se nada for feito. E a saída não é mandar polícia não. É mandar emprego. A degradação nos grandes centros urbanos, causada pela migração de flagelados e desempregados(vaqueiro no asfalto) também é um impacto negativo da situação atual do semi-árido.

Geofiscal: O fundamento teórico do Projeto de Transposição fluvial poderia ser aplicado a outras bacias hidrográficas?

Rui Alcides: Sim. Em outros Países isto já é feito a muito tempo. A visão da 9433 não pode servir de antolhos para distorcer a imagem de um Brasil único. As bacias hidrográficas separam as riquezas hídricas por uma questão de geomorfologia natural. O Homem tem intelecto para transpor essas barreiras. As águas são abundantes em certas regiões e escassas em outras. Vejam bem o mapa do Brasil. O Alto São Francisco está em uma região úmida, assim como as bacias vizinhas a ela (Paraná e Tocantins). Existem excedentes de água, nessas bacias vizinhas, que durante quatro meses do ano vão para o mar sem nenhum aproveitamento. E o São Francisco corre em direção Norte e entra na região semi-árida. O rio São Francisco liga uma região úmida a uma região seca. Se ficarmos apenas na contemplação desse acidente geográfico, não nos comparamos aos primeiros humanos que viviam dormindo nas árvores e comendo do que a natureza dava, e que um dia resolveram descer das árvores.

Geofiscal: Como você vê o atual movimento ambientalista brasileiro?

Rui Alcides: A sociedade necessita desses movimentos para mudar, para evoluir. O movimento ambientalista é responsável por mudanças importantes nas atitudes da nossa sociedade com respeito à natureza. O capitalismo selvagem, da lei do mais forte, não existe mais no campo da engenharia. A CODEVASF atende plenamente a todos os requisitos das exigências legais e não legais de proteção ao Meio Ambiente. Porém temos um lema, “os seres humanos estão no centro das preocupações sobre desenvolvimento sustentável e têm direito a uma vida saudável, produtiva e em harmonia com a natureza – Eco 92 – Rio de Janeiro – 3 a 14 de junho de 1992”. Existem os oportunistas que fazem disso um negócio, um emprego. A sorte nossa é que são poucos.

Geofiscal: E o IBAMA? Ele tem sido seu parceiro nesse Projeto?

Rui Alcides: Em novembro de 1998 realizamos, aqui em Brasília, na sede da CODEVASF, um workshop , onde convidamos instituições federais para discutir e apresentar alternativas para o Plano. Os representantes do IBAMA entenderam bem o recado e apresentaram alternativas de atividades econômicas no meio rural do semi-árido sem degradação ambiental. O Plano é um convite a participar de uma conspiração contra o subdesenvolvimento de regiões. Não nos faltam parceiros.

Geofiscal: E os Recursos Hídricos em nosso País?

Rui Alcides: Somos um País privilegiado em Recursos Hídricos. Devemos utilizá-los como uma vantagem comparativa. Mas pensando em um futuro longínquo, as pessoas estão preocupadas com a falta de água no planeta. Muitos utilizam das porcentagem para dizer a quantidade de água doce no Planeta. E eu pergunto: O nosso Planeta não deveria mudar o nome de Terra para Água? Com tanta água disponível, como podem estar pensando em falta de água? É que o pensamento da maioria das pessoas está calcado na tecnologia hoje disponível. Mas essa despreocupação não me permite entender porque em São Carlos-SP, onde temos uma das maiores universidades do País, onde conseqüentemente estão alguns dos intelectuais do nosso País,corre um rio limpo a montante da cidade e um esgoto a jusante dela. Como se não existisse mais nada depois dela. Isso se resolve com atitudes e não apenas com lei. São as atitudes de um povo que constroem uma nação. Contemplativos, Monetaristas, Capitalistas, Socialistas, Naturalistas, Desenvolvimentistas, Ambientalistas, Anarquistas, Revolucionários, Românticos, Realistas. Temos que pensar em o que queremos, aí saberemos o que temos que ser. Recursos Hídricos é apenas um detalhe.
Rui Alcides de Carvalho Junqueira - ruia@codevasf.gov.br  


sábado, 15 de julho de 2017

Alface do mato, suponho!


Suponho que seja Alface do Mato. Em todo caso é muito saborosa na comida. Não precisa plantar, nem adubar. Não tem agrotóxico... e é muito nutritivo...

terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Omeprazol e Betaína. A maquiagem ou a cura

"ISSO NÃO É DE SE ADMIRAR, POIS O PRÓPRIO SATANÁS SE DISFARÇA DE ANJO DE LUZ" 2 CORÍNTIOS 11;14

Azia, refluxo, gastrite e úlceras não se curam com Omeprazol.


Cloridrato de Betaína (o remédio que resolve) não é encontrado cm farmácias. Por quê?
O Omeprazol tem patente e é vendido livremente nas farmácias e sem receita.
Já o Cloridrato de Betaína não é encontrado com facilidade, e onde existe geralmente exigem receita.
Engraçado que a Betaína não tem contra-indicações. Já o Omeprazol tem...




Benefícios da cura da Betaína:

domingo, 8 de janeiro de 2017

Dente de Leão - (Taraxacum officinale)

Dente de Leão - (Taraxacum officinale)

Estou preparando fotos, vídeos e uma receita de como consumir o Dente de Leão.

Alface silvestre (lactuca serriola)

Alface silvestre (lactuca serriola)

 Estou preparando fotos, vídeos e uma receita de como consumir a Alface silvestre.

Taioba (Xanthosoma sagittifolium)

Taioba - Xanthosoma sagittifolium

 Estou preparando fotos, vídeos e uma receita de como consumir a Taioba.

Buva (Conyza bonariensis)

Buva (Conyza bonariensis)

Estou preparando fotos, vídeos e uma receita de como consumir a Buva.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Caruru (amaranthus viridis)

Caruru (amaranthus viridis)
Planta do mato, comestível, e de grande valor nutricional.
Eu como em canjiquinhas, sopas e fritadas.
Veja abaixo uma receita de canjiquinha com caruru que faço. Fica uma delícia!

Conheça o caruru nesse vídeo:



Beldroega. Mais ômega 3 que o salmão.

Beldroega (Portulaca oleracea). Planta do mato, comestível e que possui grandes quantidades de ômega 3, minerais essenciais, vitaminas, etc.
Os portugueses consomem ela em sopas. Eu coloco na canjiquinha e nas fritadas.
É de graça e não tem agrotóxico!